terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Quando a esmola é boa, o santo desconfia

Hoje publicarei uma experiência nada agradável que vivi numa viagem de ônibus. Viagem esta que pensei muito em relatá-la. O assunto é surpreende e tem um final... bem deixa pra lá. Vamos a narrativa. Mais uma vez, por força do hábito e dever de ofício, lá fui eu pegar o ônibus e observar, como membro do Instituto Vital, se o Estatuto do Idoso está sendo respeitado. Afinal os lugares destinados aos preferenciais continuam sendo aviltados e diariamente verificamos que o respeito a esse direito vem sendo motivo de abusos por parte de irresponsáveis, mal-educados, falta de civilidade e pessoas inescrupulosas. É raro ver ou ouvir uma pessoa oferecer ou pedir para que algum idoso possa sentar-se no local reservado. Ouvir de um pedido do cobrador então, é coisa quase que impossível. 
Um dos desmandos que não podemos evitar. A pichação

A viagem escatológica
Porém num dia desses ao entrar no ônibus bi-articulado, por força do horário de pico, a empresa coloca às vezes um coletivo bem maior na capacidade de acomodar mais passageiros. Procuro sentar-me num desses lugares normais, deixando o local preferencial livre para os de direito se ocuparem dele. Sentei-me no meio do veículo, antes da sanfona (junção das duas partes do ônibus), onde o espaço é disputadíssimo, pois é a parte mais larga e justamente as pessoas se encostam nas ranhuras da tal sanfona. Ao longe via perfeitamente como estava a ocupação na parte final do veículo. Estava justamente sentado na assento que fica invertido, ou seja, sentido de costas para o motorista, dai a visão para o fundão. De lá via-se perfeitamente os quatro assentos preferenciais destinados aos idosos, gestantes, mães com criança de colo e deficientes. Duas para cada lado. Pois então. A minha frente os dois assentos da minha direita ocupados. Do outro lado, a esquerda, permanecia vazio. Pensei de longe, as pessoas que permaneciam de pé eram todas jovens e que maravilha, EDUCADOS! Destinavam os assentos aos de direito. E segue o ônibus, pára num ponto, sobe e desce normal dos passageiros, e o lugar permanecia desocupado. No meio da viagem com o ônibus abarrotado, gente se espremendo na tal sanfona. Corredores cheios. E os dois lugares vazios. Santa misericórdia, que gente civilizada. O Instituto Vital não vai ter muito trabalho, esse pessoal é muito respeitoso. 

Chegada triunfal da menina 

Quase no meio do caminho, parada no ponto da avenida Matarazzo, próximo do shopping Bourbon e do Estádio Allianz Parque, do glorioso clube da Sociedade Esportiva Palmeiras, sobe uma moça bem gordinha e com o celular ligado por fios presos ao ouvido, cheia de bolsas a tiracolo, vai pro fundo do ônibus e pasmem, senta-se naquele reservado para os preferenciais. De repente aos brados, volta-se no sentido contrário e vindo ao encontro de onde eu estava sentado, bradando: – Vômito, vômito, vômito, que nojo!!! 
Não sei bem para quem ela dizia tudo aquilo. Para nós passageiros, para o motorista e cobrador, para o interlocutor com quem falava ao telefone?
Foi uma loucura para os que estavam do lado oposto daquele lugar. Pois os que lá passaram, ao ver a sujeira, saiam de fininho e permaneciam por lá de pé e calados. O lugar então ficava vazio e eu sem a menor noção, ficava elucubrando com as minhas teses sociais e defesa dos direitos dos idosos, dizendo que povo civilizado. Qual nada. Lembrei-me do dito popular antigo. "Quando a esmola é boa, o santo desconfia". 

Ô você das empresas de ônibus, higienização e limpeza nos ônibus é OBRIGAÇÃO DIÁRIA, não somos escória e nem porcos. Já chega o desrespeito aos idosos, e isso é desrespeito aos cidadãos. Vamos melhorar!

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