terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Retrospectivas e Expectativas.
O ano de 2014 está chegando ao seu final. Como tudo na vida, tivemos os bons momentos e os que gostaríamos de nos esquecer. 
Mas registro é registro, não importa se foram bons ou ruins. E ainda existe a nossa esperança, daqueles sonhos sempre renovados a cada ano. Sonhos e desejos de que tudo se realize nas melhores das expectativas. Afinal são 365 dias. E porque não tenhamos mais sucesso do que fracassos, não é? Ao menos por uma matemática positiva simples, mais é mais. Mais dias legais do que dias tristes. Mas não é assim que a natureza encara. Por exemplo, no final do Campeonato Brasileiro de Futebol iremos ter quatro clubes que cairão e quatro torcidas ficarão tristes, arrasadas, decepcionadas e uma só ficará feliz e satisfeita com a sua equipe que se sagrará campeã. Vejam a matemática sórdida, 4X1 para a frustração. E tudo irá se manter nessa relação, pois a dor da decepção, da tristeza se torna maior e mais intensa do que na alegria. A tristeza dura mais, marca mais do que a sensação do prazer, da alegria. Você acaba ficando mais tempo triste numa perda do ente querido, do que a alegria por exemplo, da a vinda de uma criança recém nascida, confira e me diga depois. É da natureza humana. Lembramos com detalhe das tragédias e pouco se fala nas alegrias das conquistas. Todos lembramos das dores de um cálculo renal, da dor de dente, não é?
Mas hoje, nesta crônica iremos focar os bons momentos e não lembraremos dos fatos desagradáveis. Neste ano de 2014 que chega ao fim, construímos um sonho. Colocamos o primeiro tijolo desta construção que é um sonho grande. Ao me afastar da atividade master que me regia desde 1970, quase 45 anos depois, ouvi o meu coração chamar. 

01/10/2014 – nascia o Instituto Vital

Fundamos o Instituto Vital do Bem Estar da Terceira Idade/Anjos da 3a. Idade, uma pequena Ong com alguns gatos pingados, tão loucos como eu, para defender os idosos, como eu, e serem os guardiões dos direitos estabelecidos no Estatuto do Idosos, de 2003. Os amigos Paulo Affonso Mauro Neto, Camila Dias Yakel, Luiz Fernando Lima, Paulo Von Atzingen e Inês Escher, minha querida esposa. 
Desde maio passado, ficamos planejando este projeto. Tivemos no caminho algumas dificuldades como registro da marca, da atividade, Copa do Mundo, eleições e por fim em 1º de outubro, dia dedicado e estabelecido pela ONU como o Dia Internacional do Idoso, realizamos a fundação oficial do Instituto Vital. Desde maio, no planejamento, contamos com a ajuda de algumas pessoas. Luciana Deliza nas artes, Télia e Reginaldo no escritório da Controllo, amigos como o casal Felipe e Sandra Vicentini, Eduardo e Míriam Bittencourt, Teresa e Odair Oliveira, meus cunhados, Vladimir e Maria Teresa e uns outros parceiros da vida, que dando um toque ou uma palavra, me incentivavam cada vez mais. Apesar de fundarmos o Vital em outubro, nas redes sociais, Twitter e Facebook, o Vital já bombava e lá os nossos amigos e conhecidos hipotecavam solidariedade e se ofereciam desde aquela ocasião, a serem voluntários de primeira hora. 
Minhas filhas Nadine e Micaela, sempre atentas e participativas, acompanhavam cada passo e com os olhos e mentes, aguardavam as novidades que em todas as semanas que antecedia aos planos, pois quando ia ao encontro delas, eu relatava cada detalhe, afinal foram quase cinco meses de expectativas.

2015, o que nos espera?


Nos meses de novembro e dezembro, fizemos uma campanha de esclarecimento para receber doações oriundas de doações e contribuições de pessoas anônimas. Os projetos estão ai, devidamente publicados à espera de verbas para serem colocados em prática. Enquanto isso, não atingindo o suficiente volume para as execuções propriamente ditas, ficaremos na expectativa de conseguir lentamente e dentro das possibilidades executarmos o que for possível. Sabemos das dificuldades de uma organização do terceiro setor fazer prevalecer suas atividades e executar o máximo de trabalhos para o bem do próximo, porém temos o pé no chão. Faremos o que for possível de ser feito. A realidade financeira é que será o termômetro das atividades. Continuaremos a semear as plantinhas, cabendo ao seu desenvolvimento e sustentação para seguirmos acelerados ou moderados. Mas, a promessa de seguir com o nosso objetivo já foi está traçada. Sim, faremos de alguma forma, lenta e gradual ou se Deus quiser, de maneira ativa e acelerada, como esperamos e desejamos.

Terreno fértil, porém movediço.

Tenho observado há um tempo que algumas teses em que nós acreditávamos, estão sendo derrubadas na experiência adquirida do dia-a-dia, não são conforme a realidade que pensávamos. Será mais difícil e será preciso revermos alguns projetos que publicamos. 
Nada como a observação, pesquisa e constatação, a realidade nem sempre reflete o que pensamos e planejamos atrás das mesas dos escritórios, a rua mostra a sua face de maneira mais cruel. Vamos modificar alguns projetos e nos aproximar dos protagonistas e coadjuvantes já no começo de 2015, em janeiro e fevereiro de preferência, meses em que o uso dos transportes coletivos são mais tranquilos, menos lotados.
Também será nossa missão nos aproximar das empresas de viação e aos sindicatos de condutores, pois a falta de treinamento e capacitação aos motoristas e cobradores é o maior entrave que notamos nessas blitz que fizemos nos últimos cinco meses. 
2015 será um ano de muito trabalho e iremos arregaçar as mangas desde já.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Natal é época de se doar. E o resto do ano?

O meu conto de Natal.

Desde criança sempre curti a época natalina. Até aí isso é perfeitamente normal. Que criança não é obcecada no Papai Noel e sua trupe. Quem é que não sonha acordado de 24 para 25 de dezembro. Porém, depois da minha infância o meu natal se tornou algo diferente. Seria o natal da solidariedade. Muitas e muitas vezes na adolescência me via entregando roupas e presentes para as adultos e crianças carentes, quer nas entidades comunitárias, quer nas ruas. Eramos um grupo de jovens que buscava a justiça social durante o ano com alimentos e a sopa comunitária num asilo e a aguardada época de final de ano, para as tais ações de boas festas. O que rolava de endorfina nas veias, uma incrível sensação permeava em nossos corpos e mentes. Após adulto, estranhamente se arrefeceu. Problemas de trabalho durante as atividades diárias me afastavam daquele caminho que me dava prazer acima de tudo. Era uma adoção de apenas uma criança na creche ou na igreja. Mas isso me chateava ao invés de dar prazer. Assim passaram vários anos. Retomei após passar uns 20 anos, talvez depois de ter os primeiros filhos já crescidos e na chegada da caçula, Micaela, nos anos 90. 

De volta com as ações

A vocação e a devoção falaram mais alto. Que alegria imensa. Que mar de prazer batia suas ondas gigantes no meu coração, um verdadeiro tsunami invadia de costa a costa, norte (cabeça) e sul (pés). Voltava a viver, parecia que nasci de novo. O verdadeiro amor é aquele que arrebata, toma conta de tudo. E invadido daquele renovado sentimento partíamos para a entrega total. Passei a frequentar uma entidade filantrópica após o milênio, chamava Amigos do Bem, vinculada a outra entidade espírita Perseverança, da zona leste, no bairro Santa Clara mais precisamente. Ali era doação o ano inteiro e mais intensa ainda no período de dezembro. Mas tarde, comecei a buscar em outras entidades menores, já que os Amigos do Bem se tornara uma gigante e seguiria o seu caminho tranquilamente, então busquei ajudar as menores, as menos organizadas. O pensamento de ajuda é o mesmo, apenas vemos e reconhecemos uma outra diversificação. Hoje frequento na zona oeste uma entidade social espírita, Caminhos de Damasco. E neste ano, onde tivemos mais dificuldades com problemas pessoais de saúde e desligamento de atividades de trabalho, buscamos forças para fundar o nosso instituto de cunho social, o Vital da 3a. Idade. Já que ajudei tantos outros, por que não fazer o nosso próprio? É mais difícil, sim. Mas é mais prazeroso também. Muitos percalços teremos. E porque não vencê-los? Meu desejo de Natal é que todos os velhinhos, os nossos idosos, tanto quanto o Papai Noel, sejam abençoados com saúde, respeito e carinho de todos nós. Existe melhor presente? O amor de Jesus Cristo que nos legou é o maior e melhor remédio para que esses idosos enfrentem o limiar de suas vidas. Presentes? O melhor presente é o respeito. Já pensaram se o Papai Noel estivesse num ônibus e não houvesse lugar nos assentos preferenciais? Aposto que todos lhe ofereceriam os seus assentos ao bom velhinho. Mas se fosse um idoso comum? Que diferença haveria? A roupa vermelha? A barba branca e a obesidade? Que nada. Fomos criados para agirmos conforme os sentimentos, agiríamos como hoje, ignoraríamos. 

Doar-se o ano inteiro


De janeiro a novembro, somos brutos, vivemos numa selva de pedra e os sentimentos ficam guardados numa gaveta em casa, viramos seres individualistas extremados. Só a abrimos em dezembro. Quanta perda de energia e sentimentos de generosidade. 11 X 1 ou 334 X 31. Que números tristes. Apenas a intensidade dos 31 dias contra os 334 restantes que equivalem mais. Mais amor, gente. Mais doação de sentimentos, mais calor afetivo, mais papais noéis em vossos corações. Inundem desses bons sentimentos nos 365 dias do ano. Pelo menos, mais atenção aos inúmeros velhinhos nos assentos preferenciais e nos outros também, isso já fará a diferença. Você sabia por que o Papai Noel trabalha sentado? Quer no trenó, quer nos shoppings, naquela poltrona enorme. É porque ele é um velhinho, ele é um idoso, lembre-se disso, sempre.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Contrate os nossos serviços profissionais a custo zero e de quebra ajude o nosso Instituto Vital.

Modelo de gestão.
Sempre quis fazer algo novo nos modelos de negócios. Tudo é muito acadêmico, rígido e algumas pessoas por ego ou manutenção de zona de conforto, não aceitam as inovações ou pelo menos, se for tratar isso em comitês de dirigentes, boicotam no nascedouro da ideia da proposta. Lembro-me nos últimos 25 anos, quando passei por duas empresas em que permaneci 12 e 13 anos respectivamente trabalhando em nível de diretoria e digo com propriedade o que mais me encheu o saco, justamente as evidências desses dois males corporativos, o EGO e a tal ZONA DE CONFORTO de meus pares. Nestes últimos anos, nem falar. Algumas empresas possuem o board de diretores conhecido como Instituto Butantã. Quem nunca teve um colega de departamento com a alcunha de surucucu, a pior cascavel do pedaço? Sei de casos que me contam, que as picadas foram tantas que muitos envenenados caíram fora para sobreviver. No meu caso, sempre me esquivei dos venenos, mas não vejo progresso. As empresas precisam lembrar de ditames como este: "Seja humilde para admitir seus erros, inteligente para aprender com eles e maduro para corrigi-los". Isso é a mordida nas pessoas egoístas e tóxicas dentro de uma corporação. Por mais que você faça tudo para agradar os outros, sempre haverá alguém para dizer que você não fez o suficiente. Estamos convivendo com modelos de gestão ultrapassados, pelo menos em empresas de serviços e associações, onde atuei recentemente. É preciso um choque na mesmice atual. Temos uma fórmula batida de que um faz e dá certo, vai o outro e copia. Ou na pior das hipóteses, contrata o guru ou consultor que fez sucesso na concorrência. Hoje não existe aquele que veste totalmente a camisa. Deixamos o lado sentimental, meio familiar e colocamos a nova geração, Y e X, mais pelo baixo custo e esquecendo-se do valor da geração baby-boomer, que por ser mais antiga na contratação, tornam-se colaboradores mais dispendiosos.

"Contrate caráter, treine habilidades" - (Peter Schultz)

Qual é a vantagem da juventude contra a experiência. Não me venha com aquela conversa que um jovem estagiário faz tudo e custa bem mais barato, chamaremos isso de hipocrisia empresarial. Chame um novato para pilotar uma Ferrari, uma Mercedes Benz ou a Renault Red Bull. Vai ganhar algum grande prêmio? Jamais. Hoje as grandes empresas já pensam diferente. Para uma boa postura dos RH talvez uma mescla seria a melhor das situações. Como não dá, a saída é juntar e ficar tudo misturado. Um aprende com a experiência e outro se aplica no conteúdo tecnológico, que é o melhor dos cenários. A busca por executivos continua nas empresas. Mas elas sabem o que buscam? Foco de geração X, criatividade da Y, mas postura de baby-boomer, como afirma um profissional de marketing e blogueiro, Gustavo Syllos (Panrotas). Me lembro de Marcel Spadoto, consultor que disse: "Se você acha que é caro contratar o trabalho de um profissional, espere até contratar o de um amador".
Se o viés da empresa for buscar profissionais mais jovens apenas para reduzir seus custos com remuneração, acredito que será um verdadeiro “tiro no pé”. Não é possível levar uma empresa adiante sem a senioridade dos profissionais mais experientes. Essa é opinião de Maurício de Paula (Coach). 
Empresas que optam pelo barato com certeza ficarão sem pessoas comprometidas, engajadas. Ninguém vestirá a camisa. Serão empresas que cumprirão o horário comercial. E depois?

Meu perfil e porque gosto de inovação

Mas aquele velho profissional que insiste em trabalhar, atuar com um vigor dos jovens, será penalizado? É justa essa punição? Não haverá de se encaixar?  Apresento seis razões para você pensar nisso, pelo menos para refletir.
1. Quanto vale um profissional com quase 45 anos de estrada? 
2. Quanto vale um profissional que foi lapidado em marketing e propaganda, que lecionou durante quase 12 anos em universidades de calibre, Metodista e FIAM/FMU, com passagem meteórica na UNIP?
3. Quanto vale um profissional que lecionou para turmas de estudantes nas três áreas da comunicação: Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Jornalismo? 
4. Quanto vale um profissional que ficou 12 anos numa entidade de classe de um setor importante do comércio e indústria? A Abras – Associação Brasileira dos Supermercados, que inovou no mundo editorial quando participava da direção da revista SUPERHIPER e que foi um dos coordenadores por muitos anos da Feira de Exposição Abras no Riocentro, RJ e em S. Paulo. 
5. Quanto vale um profissional que desenvolveu marketing esportivo durante dois anos em empresa terceirizada da Traffic Marketing Esportivo? 
6. Quanto vale um profissional que criou a linguagem de comunicação a partir de 2001 e ainda hoje se mantém atualizada e seguida por todos no setor da consolidação do turismo?
Pois então, hoje não quero mais trabalhar no modelo antigo, e nem vale a pena, estou a frente do Instituto Vital do Bem Estar da Terceira Idade. E é justamente isso que me faz pensar em alternativas. Uma delas é o modelo novo de gestão, aquele assunto que abordei na introdução deste blog. 

Novo modelo de remuneração de trabalhos profissionais

Tenho comentado com alguns amigos que as Ongs neste país estão sofrendo de um preconceito que os políticos e dirigentes corruptos criaram, deturpando a essência da verdadeira missão do terceiro setor. O jeitinho de furar o fisco, fazer a lavagem de dinheiro com a fachada de entidades filantrópicas e bem intencionadas. Esse preconceito está prejudicando a nossa Campanha de arrecadação de fundos para colocarmos os nossos projetos em campo. Para você conhecer os nossos projetos, acesse esse link (http://institutovital.blogspot.com.br/2014/11/o-vital-precisa-de-suas-doacoes.html). 
E justamente para evitar que os desconfiados e aquele cara tóxico, pensei em fazer uma inovação nesse setor. Esse novo modelo de gestão é imune de falcatruas que por ventura possam nos atingir. Uma regra simples e que funciona basicamente da seguinte forma. Me coloco a disposição para atender as empresas que queiram os nossos serviços profissionais que exerci durantes esses 45 anos em marketing. 
Jobs e projetos que me credenciaram neste período. Serviços de consultoria em projetos de Programas de Incentivos, campanhas publicitárias, projetos publi-editoriais, palestras, treinamentos e capacitações nas áreas de propaganda, serviços e distribuição, turismo e eventos. Desenvolvimento de branding, mascotes*, integração e refinação corporativa baseados em novos conceitos de marketing. E tudo isso DE GRAÇA. Sim, de graça. Só peço que os valores inerentes a estes trabalhos sejam CONVERTIDOS em DOAÇÃO ao nosso Instituto Vital. Esse é o nosso modelo de negócio e gestão. Algo que poderíamos dizer que além de inovador é muito generoso, desprovido de egos, zona de conforto e acima de tudo, PROFISSIONALMENTE HUMANO.  
Se quiserem falar sobre o assunto, acesse meus contatos. Deixe registrado nas redes FB e TW, nos e-mails.
– Instituto Vital do Bem Estar Social da Terceira Idade/Anjos da 3a. Idade. (Vital Wellness Institute of the Third Age)
- jotasalim@gmail.com
- jotasalim@hotmail.com
- institutovital@bol.com.br
- twitter.com/instituto_vital (msg)
- facebook.com/anjos.3aidade (in box)
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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Andar ao lado de pessoas humildes nos faz viver melhor, experimente.

"Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se". (Gabriel Garcia Marquez)

As crônicas das minhas andanças pelos transportes urbanos da cidade, principalmente nos ônibus, me fazem acreditar na poesia da vida. É o contraponto das mazelas que vemos nos noticiários da televisão difundidos pelos profetas do apocalipse, os apresentadores Marcelo Resende e José Luís Datena. A vida não é só desgraça de mortes, dramas policialescos mostrados in loco de cima pelos helicópteros, por baixo através das viaturas nervosas trafegando na contra mão e fazendo os shows que acabam virando roteiros de filmes. Perseguição, batidas, invasões, prisões, drogas, armas, dinheiro, hospital, maca, corpos estendidos no chão, etc. Sabemos que a nossa televisão vive de audiência e quanto mais sangue, maior a audiência. Somos forjados pela emoção negativa, doentia, predadora, sentimental barata, fútil. 
Por isso quando tenho o privilégio de entrar num ônibus pelo meu dever de ofício, cuidando como membro do Instituto Vital e voluntário dos Anjos da 3a. Idade®, devidamente trajado com a camisa bordada, ocasião que me apresento com defensor dos direitos sociais dos idosos e convencemos as pessoas a cederem o espaço ocupado do assento preferencial a um idoso. Faço valer o que exercemos, estabelecidos nos deveres da nossa missão.
Em outras oportunidades pegamos os trens da CPTM e Metrô e também nos ônibus para fazer as Blitz do Vital®, que muitos já conhecem através do blog do Vital.


Surpresas durante as viagens
Mas o interessante é acabamos pegos com atitudes surpreendentes dos passageiros. Isso não tem preço.
Estas viagens estão me moldando a entender melhor as nuances do que se passa realmente no interior de um ônibus. Não podemos pensar academicamente como técnicos e planejar uma ação e colocá-la em prática. As chances de não dar certo são fortes. É preciso conhecer o campo destas ações e esta vivência está me dando subsídios fantásticos e quando colocarmos as ações, já saberemos de antemão as chances de dar certo ou não. Por exemplo, outro dia destes nos deparamos com um cidadão totalmente alcoolizado. Se dizia Neném do bico doce, falava sozinho o tempo todo, ninguém se aventurou em sentar-se ao lado dele, tendo como resultado a ocupação de dois assentos preferenciais, aqueles dois logo atrás do motorista. E quem seria louco de ir lá e pedir para ele descer ou parar de agitar? Eu procurei ficar próximo, havendo uma chance falaria com ele, e o ouvi dizer olhando para fora da janela: – Se eu eu ganhar na loteria, ninguém vai andar a pé! Provavelmente compraria um ônibus e levaria todo mundo de graça. De repente se levantou, vi em sua mão o cartão especial que lhe daria a passagem livre e gratuita. Era um cidadão do bem, apenas estava um pouco alterado pelo fato de ter ingerido bebida alcoólica. 
Desceu e lá se foi o nosso personagem Neném do bico doce. Os seus dois lugares foram imediatamente ocupados por duas senhorinhas idosas que ainda falaram do tal bebum. 

Não estamos acostumados com o carinho
Em outra viagem, na mesma linha 8000 - Lapa /Praça Ramos, presenciei outra situação. Desta vez um senhor de idade com AVC, sua parte do lado direito totalmente prejudicada. Quando subiu, no meio do caminho, nos baixos do Minhocão, se locomoveu com extrema dificuldade até parte da frente do ônibus, local onde existem mais assentos preferenciais que estavam todos lotados. Eu, que me sentava em local não indicado como especial, me levantei, porém era em cima da roda, havia um degrau a mais e este senhor não conseguiria sentar-se. Vendo esta dificuldade, outra senhora idosa do outro lado do corredor, levantou-se do lugar em que estava e cedeu ao senhor. Então pedi a ela que se sentasse no meu lugar. Ela recusou-se, disse: – Obrigado, descerei no próximo ponto! Enquanto isso aquele senhor se acomodou e segurando uma bengala, observava o ônibus seguir o caminho até o destino final. Quase próximo da avenida S. João com a rua Aurora, ele põe a mão (a que funciona) e tira do bolso umas três ou quatro balas e estica até ao motorista e diz: – Motorista quer uma balinha? Prontamente o motorista, que aguardava o semáforo abrir, pega as balas, desembrulha uma e coloca na boca. 

Quem somos?
Seguimos em frente e fiquei pensando. Como nós somos egoístas. É preciso um idoso com problemas de locomoção para se lembrar e se importar com aquele que nos conduz todos os dias. E nós? Simplesmente nos colocamos em portas no automático, achamos que não existe um ser humano na condução daquele veículo. Ou aquele que estando alcoolizado, fica marginalizado pelas pessoas que tem nojo e medo. Tudo isso nos faz parar para refletir. O que queremos dessa vida? Ficar chocado com o sangue da notícia sentado na poltrona? Ficar com a sensação de segurança quando a policia mata ou prende, ou ficar ensandecido quando o bandido ceifa a vida das pessoas? A verdade é que nós não nos importamos com aquele que está ao nosso lado. Precisamos de mais humanidade, caridade e generosidade. Devemos nos lembrar de madre Teresa de Calcutá. "É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado". E a partir deste dia, ando com um saquinho de balas na minha bolsa, vai que...