quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Nesta Casa Tem Goteira/Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim

Hoje foi um dia daqueles. 
Graças a Deus a chuva está caindo, mas a dose está um pouco fora de medida. 
Hoje, dia 25 de fevereiro deparei-me com uma situação inusitada. Há mais de 45 anos de São Paulo nunca tive que passar por isso. Um única vez em 1981, fui pego com aquela inundação na Grande S. Paulo, mas eu andava de carro e dava aula no ABC. Tive que fazer um circuito que contornava a marginal Tietê. Cheguei de madrugada, após ficar perambulando desde às 20:00 horas. Procurando uma passagem para a Zona Norte.
Mas hoje foi diferente. Estava dentro de um ônibus no horário de pico e com a chuva descendo ladeira abaixo. Passava das 16:00 horas e sai do centro da cidade. Rua Xavier Toledo rumo a Lapa, com o ônibus Linha 8400 - Terminal Pirituba, que passa na frente do meu prédio e o ponto é próximo da minha entrada principal. 

Ônibus com goteira

Música de Sérgio Reis: Nesta Casa Tem Goteira/Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim/Nesta Casa Tem Goteira/Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim, mudei pra "Nesse ônibus tem goteira, pinga ni mim..." (http://www.kboing.com.br/sergio-reis/1-84468/). 
A coisa estava tão feia que vi pelo menos quatro passageiros tirarem fotos para reclamar na SPTrans. – Uma vergonha, dizia uma tiazinha. Já pagamos R$ 3,50 e ainda tem goteira. Eu também tirei. Estão aí pra vocês verem. E ainda de quebra uma imagem minha, no estado que fiquei, após pedir para sair do busão, quando ele ficou parado, aguardando a liberação da via, próximo do Shopping da Lapa, quase a 100 metros do cruzamento que dava acesso ao viaduto da Lapa. Bem próximo de onde eu moro. Pedi ao motorista para liberar a porta de saída. Estávamos no sufoco. Ônibus cheio, gente de pé se espremendo igual sardinha em lata. Ninguém abria as janelas pelo fato da chuva ser levada pelo vento para dentro do ônibus. Não me aguentei, pedi arrego e sai pela porta de trás. Enfrentei a ira da chuva, mas era melhor do que o aperto. Rumei para o local onde a água impedia a circulação dos veículos. Aquilo iria demorar para baixar. O povo começou a buscar alternativa, contornamos a rua Catão, descemos e saímos na frente da subida do Viaduto. Lá fomos nós. Eu e mais uns inconsequentes que não suportaram a prisão do busão.

De volta para casa
Cheguei em casa após uns quinze minutos de água na cara. Preservei os eletrônicos e ainda passei na padoca para comprar aquele pãozinho francês fresquinho. As meninas do balcão que me conhecem se espantaram e perguntaram: – Seu Salim, o que é isso? Como um pinto molhado, respondo: – Água do céus. Bendita água do céus. Nas ruas inundadas, a enchente é culpa das autoridades e da população porca que joga lixo na rua. Não consegui fazer as fotos, mas as travessas que chegaram a cobrir carros, estavam cheias de papéis, sacos plásticos e outros troços, para não falar outra coisa. Lembrei do filminho dos anos 70: POVO DESENVOLVIDO, POVO LIMPO. Eu acrescentaria POVO CIVILIZADO. Hoje foi um dia daqueles, para os antigos que assistiram a velha Família Trapo da TV Record, canal 7, aquela com o Golias, Jô Soares e Renata Fronzi. Tinha o chefe da família, o comediante ítalo-brasileiro Zeloni que sempre falava quando acontecia uma cagada. "– Tudo acontece comigo, só comigo".

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Blitz do Vital - Eu não vou, vai você! Parte 3

Serviço especializados para pessoas especiais. Rampa para cadeirantes (horário e tipo de ônibus). Vai começar o jogo do empurra-empurra. Enquanto isso quem paga o pato?
Notem os cabos com as emendas (cotovelos) no alto.
Motoristas e cobradores que prestam os serviços de acordo com a direção do vento. Já de um tempo, vimos observando um certo desencontro na forma de colaboração entre os motoristas e os cobradores. Nos anos 2000, quando viajava nos troleibus, o elétrico, morador que era do bairro do Cambuci, notava quase sempre nos trajetos o maior problema dos ônibus elétricos que perdura até hoje e que nenhum engenheiro resolveu. As antenas pantográficas que transmitem a energia elétrica aérea aos acumuladores dos veículos. A cada curva, esses fios que conduzem a eletricidade, ligados através de emenda nos cabos. Existe um "cotovelo" que via de regra provoca um sobressalto na antena, que acaba se soltando e desligando a parte que desliza nos fios, e muitas vezes provocam faíscas assustando os passageiros e pedestres próximos. Pois bem, quem é que vai arrumar e recolocar as antenas nos lugares? Às vezes os motoristas, às vezes os cobradores. Não há consenso. Pura falta de disciplina vinda da garagem, e que os administradores poderiam definir. Simples assim, só que não! "– Deixa para quem quiser ou tiver maior boa vontade!" E em dias de chuvas, nem pensar! Quem vai? Eu não, vai você.

Ei pessoal da garagem!  Vamos acordar?

Essa falta de norma ou diretriz permanece até hoje. Nos veículos especiais, os que possuem sinalização indicativa de ônibus para deficientes físicos, cadeirantes por acaso, não tem a norma definida de quem aciona a rampa para o cadeirante subir e/ou descer. Tenho notado essa tarefa sendo feita em maior número pelos condutores do que pelos cobradores. Sendo que o normal, deveria ser o cobrador, já que o condutor deve estar atento aos comandos do ônibus, tais como freio de mão, portas de acesso e descidas e outros afazeres inerentes a sua principal função. O cobrador que conquistou um enorme alívio com o advento dos cartões magnéticos dos usuários, não precisando se importar com o troco etc, é quem deveria se encarregar de fazer esse trabalho e também das antenas do troleibus, lembram-se?
Acreditamos que a coisa está igual a uma história que ouvi quando jovem, sobre um soldado que ficava ao lado de um banco no quartel lá no estado do Amazonas. Um militar de alta patente em dia de visita viu um soldado ao lado de uma banco e perguntou para o oficial maior, de que se tratava? A resposta foi lacônica. "Temos este posto ocupado por um soldado desde que num tempo passado, quando recebermos a visita de um adido militar francês em nosso quartel, o responsável pelo setor que havia mandado pintar todos os bancos de branco e por não ter tido tempo de secar, colocou um recruta ao lado do banco para avisar que a tinta era fresca". Desde então, é norma ter um soldado ao lado de cada banco na entrada, nas ocasiões onde recebemos a visita de militares de alta patente, finaliza o militar inquerido.
No caso em pauta, os cobradores não fazem esse serviço e pronto. Lá vai o motorista fazer, já que a primeira palavra do usuário é: "Motorista, abra a porta". Se é ele quem abre a porta, ele então que faça a parte de entrada e saída do cadeirante. Simples assim.

Devemos evoluir mais na prestação de serviços

Nas viagens diárias dos ônibus notamos que precisamos evoluir muito. Ninguém se preocupa em melhorar os serviços. Ninguém também não exige melhoras. Reclamações são poucas e nem chegam aos órgãos normativos ou agências reguladoras, e estas por outro lado, não estão preocupadas com esse tipo de serviço. Respondem na defensiva: – Quem mandou não chamar pelo Atende*?
Aqui chegamos ao ponto de imaginar alguns funcionários dizendo: – Quem mandou ser aleijado, deficiente físico ou coisa que o valha? É o fim do mundo. De novo reclamamos a tal falta de treinamento. Cadê o RH, cadê os órgãos disciplinadores? Cadê a sociedade e ativistas da mobilidade? Oi, oi, cadê você? Hi, Hi, Hi.


* O Serviço de Atendimento Especial, ou #Atende, é uma modalidade de transporte gratuito, porta a porta, destinado às pessoas com deficiência física severa, as quais tenham vínculo à cadeira de rodas. Horário do serviço: o Atende funciona das 7h às 20h, de segunda-feira a domingo.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Blitz do Vital - Nossos condutores são os melhores? Parte 2

Colaboradores sem uniforme, sem crachás, cobradores despreparados, mau humorados e distraídos com o celular, etc.
Nossa blitz nos ônibus está sempre atrás de novidades, mesmo aos olhos mais acostumados às viagens diárias. Já abordamos em alguns posts, mas sempre é bom relembrar ou mostrar aos novos leitores as nossas observações nessas blitze. 
Muitos perguntam, por que o maior enfoque nos ônibus? É porque os usuários, os passageiros envolvidos tem um maior relacionamento com os condutores, os motoristas e os cobradores. Já nos trens, a relação dessa interatividade é quase que nula. Não há comunicação entre os condutores e passageiros,  já que os paradas são programadas nas estações, tenha quem sair ou não e ou tenha quem vá embarcar ou não. E dessa situação de envolvimento mais direto, acabam nos oferecendo maiores subsídios. Há casos de relatos surpreendentes. E é justamente sobre esses condutores dos ônibus que iremos discorrer nesse post. 

Limpeza acima de tudo
Muitas pessoas diriam que o ambiente corporativo deve ser bem organizado e isso é importante a partir do front, quando os colaboradores que tem contato direto com o público são notados. Quem é que não gostaria de encontrar um ônibus higienicamente bem limpo, desinfetado e cheirando novo, cuidado que é mantido nos trens do Metrô. Mas, muitas empresas de viação, não fazem isso. Os ônibus vivem imundos, sujos e muitas vezes como relatamos, com vômitos nos assentos, pichações e outros descuidos. É claro que muita coisa tem a ver com a educação dos usuários. Outros nem tanto, passar mal, ter distúrbios intestinais é inerente da vontade das pessoas, mas a limpeza é necessária de forma imediata. Outra coisa é a aparência dos funcionários. Bem penteados, bem barbados, bem vestidos com uniformes e etc. Só que não! Estamos vendo muitos colaboradores sem o uniforme, descuido com a aparência visual. Barba por fazer e cabelos sem pentear. Muitas vezes sem ficar atentos ao trabalho, uns cobradores tiram uma soneca na viagem, isso quando os usuários especiais ou quem paga em espécie não os acordam para validar a passagem na catraca. Mas o que nos choca é a falta da exigência do uso do uniforme. Isso é o mínimo que devemos exigir.

Mau humor dos cobradores

Em um dos posts publicados recentemente, comentamos que é necessário treinamentos aos cobradores e que esses exerçam o direito de pedir aos que ocupam o assento preferencial quando ocupados por pessoas sem o enquadramento de idosos, gestantes e deficientes. Pois bem, além de não haver esse tipo de capacitação, não há regras para a postura desse profissional. A desatenção é grande principalmente quando se está usando o celular ligado nas redes sociais ou nas mensagens online. Tudo pode acontecer ao lado da pessoa que não vê o que se passa em sua volta. Às vezes, fica tão mau humorado que passa a ser agressivo e desconta nos passageiros. 
Presenciamos uma cobradora da linha Lapa/Pça. Ramos - n. 8000 ônibus de numeração 12.969 da Viação Sta. Brígida, no horário das 11:03 horas, que destratou uma gestante que não poderia passar através da catraca, que havia solicitado ajuda da cobradora para girar a catraca e sair pela porta da frente. Resultado: a passageira registrou a reclamação fotografando a pessoa e anotou o telefone para as devidas queixas aos órgãos reguladores do transporte municipal da cidade de S. Paulo. Nós do Instituto Vital apoiamos a atitude da passageira. Assistimos o ocorrido e hipotecamos solidariedade.