sexta-feira, 31 de julho de 2015

Por que somos teimosos? Tem cura?

Teimosia
substantivo feminino
1.qualidade de teimoso.
2.teima repetida.

Por que somos teimosos? Tem cura?
O fato de ser teimoso pode acabar com as oportunidades de sua vida, caso não aprenda a ter limites em sua teimosia. Às vezes, manter sua opinião é importante, mas o compromisso e a colaboração também são importantes. Se achar que sempre tenta manter seu ponto de vista, talvez seja a hora de perceber que está exagerando e deixando de participar em muitas atividades, de fazer amizades e até de aproveitar oportunidades de emprego. É o momento de mudar e deixar de ser teimoso. 
Lembre-se que as pessoas precisam relacionar-se e que ninguém é perfeito e nem está certo o tempo todo.

O que acompanha a teimosia? Ah, quer saber? É o orgulho.
A palavra orgulho pode ter uma conotação positiva ou negativa, dependendo do contexto e do sentimento que representa. 
É um termo pejorativo quando se refere a um sentimento excessivo de contentamento que uma pessoa tem a respeito de si mesma, de acordo com as suas características, qualidades e ações. 
Uma pessoa orgulhosa mostra altivez, soberba, vaidade, arrogância, podendo mesmo revelar desprezo em relação a outra pessoa. 

O que é o antônimo de orgulho? Trata-se da humildade.
Virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações; modéstia, simplicidade.

Pronto está finalizada a minha proposta de tese. Teimosia com uma pitada de orgulho e sem a menor modéstia. 
Essa química é a tônica do brasileiro normal que vive o nosso cotidiano. 
Que está nas no seio das famílias, em empresas, nas escolas, nas ruas, nos meios transportes urbanos. 
E é justamente nos transportes que venho anotando, observando e hoje, faço esse testemunho-relato das minhas observações.
Somos diariamente, e porque não definitivamente, teimosos. Eu, tu, ele, nós, vós e eles, absolutamente teimosos.

Pura reação de pessoas orgulhosas, individualistas, sem amor no coração, sem absorver os ensinamentos do Evangelhos do cristianismo.
Por que amar o próximo como a ti mesmo? Profetas como Marcos e Mateus dizem que Jesus dizia da importância desse mandamento, o segundo.
Ambos escrevem: "Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que este".

Mas esquecemos disso. Talvez estejamos na cegueira moral e geral. A maldade e a miopia ética se ocultam naquilo que consideramos comum e banal na vida cotidiana. 
A luta diária pela sobrevivência nos molda como soldados infames da vida moderna e competitiva, que nos afastam da generosidade, caridade e humildade.
Quem é bom de índole é alcunhado de trouxa, bobo e outros predicados negativos. Portanto quem é humilde não vence essa competição desenfreada da sociedade. 
Quem quer ser perdedor nessa sociedade cheia de status?
Até o mais simples, aquele menos preparado, sem estudos, quer vencer, e escolhe o caminho às vezes da violência. É o aprendiz útil da perversidade.
Mas mudando de tese para a prática, relato algumas histórias em que presenciei no dia a dia como usuário de ônibus e trens do Metrô e CPTM. 

Como sabem, o meu dever de ofício, utilizo-me desses meios de transportes para verificar o quanto o nosso Instituto Vital precisa atuar em favor dos direitos dos idosos.
E por vezes me deparo com a teimosia de muitos deles. As pessoas oferecem o assento, nem sempre preferencial, mas o orgulho fala mais alto. – Não, minha querida, vou descer no próximo. E acabam não aceitando a gentileza, fato raro nos dias de hoje. Outros nem agradecem, apenas abanam a cabeça, negando a oferta. 

Dia desses, um idoso aposentado morador no meu prédio estava mancando, com dificuldade em andar e perguntei o que havia passado com ele.
– Uhhh, nem te falo! Carregado com sotaque italiano. Eu peguei um ônibus na Vila Mariana com sentido para a Lapa. Uma mocinha até me ofereceu o seu assento. Não aceitei, disse. Ela devia estar cansada após um dia de trabalho e eu estava passeando, permaneci em pé, completou. No caminho, o ônibus foi fechado, freou e uns quinze passaram em cima de mim.
– Era o articulado, estava cheio de pessoas de pé. Bati a perna naquele ferro. Resultado de não ter havido aceito a tal oferta para se sentar.

Vejo todos os dias atos de teimosia. Ora dos idosos, ora dos jovens que não arredam do assento preferencial. Ora dos motoristas que não param na frente do ponto próximo do meio fio, dificultam a descida de pessoas idosas.
Outros não abrem a portam fora do ponto, já que existe uma portaria que diz claramente que devem parar para a descida de pessoas com dificuldades de se locomoverem distâncias longas. 

Lembro de ter visto um ato de rebeldia de uma cobradora que não ajudou uma moça grávida a rodar a catraca e pedir para descer na frente, pois a barriga estava enorme e passar pela catraca afetaria sua gestação.

Atos de teimosia são atitudes insanas e permeiam a condição selvagem dessa nossa sociedade na cidade, no país, no mundo.

Precisamos melhorar as nossas atitudes. Se não pela educação e bons costumes, pelos menos, em nome da generosidade pregada por Jesus.

Está na hora de fazermos algo pelo próximo, a começar pelo respeito, caridade e bondade. Muda sociedade, muda.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Álcool, drogas, nojo e falta de solidariedade.

Hoje, depois de um longo tempo sem inspiração, volto a escrever para o Blog do Vital.
Por que falta de inspiração? Comentei a um amigo que só me sentia movido a escrever, caso estivesse de baixo astral, desmotivado ou até deprimido.
Pois é, nada disso estava acontecendo comigo quando assisti a cenas que me ensejaram esta crônica cujo título fala de álcool e drogas, coisa corriqueira em nossas ruas da capital.
O nojo e a falta de solidariedade, são inerentes do ser humano, principalmente nesta cidade tão cruel, cuja sociedade é individualista ao extremo. 

Então porque escrever? 

Vinha no ônibus, como quase sempre nestes últimos tempos. Entre a saída do terminal e parada no primeiro ponto, coisa de 500 metros, me deparo com uma situação.
Um senhor mulato, nem tanto mal vestido, visivelmente bêbado, permanecia ainda na parte dianteira do veículo, antes da catraca, sem encontrar lugar para se sentar, senta-se na escada de dois degraus no espaço que separa a cabine do corredor que acessa a catraca com o cobrador. Ufa, achou um lugar para se proteger dos solavancos das mudanças de marcha do ônibus, freadas, paradas e etc. 
Ocorre que ingressam passageiros naquele ponto de parada. Uma senhora que queria passar. Pára. O cobrador pede para aquele senhor bêbado para sair do local, estava atrapalhando a passagem de outros que lá entraram no interior do busão.
Ele, praticamente em outra frequência mental, totalmente alcoolizado, não responde, não ouve, não dá bola para os pedidos por parte do cobrador. A velha senhora, cutuca seu ombro e faz sinal com as mãos que deseja seguir em frente.
Ele entende, mas não consegue se levantar, o ônibus está em movimento. Se ele ficar de pé, provavelmente irá cair.
Próxima parada, 300 metros depois. 
Até aí o motorista e outros passageiros já sabiam da situação. Um senhor que estava num lugar reservado aos preferenciais, ao lado da catraca, se levanta e cede o espaço ao nosso amigo alcoolizado. 
Com o ônibus parado a operação é realizada com absoluto sucesso. Aí começa outra questão. O tal "nojo" de que falo no título. Quem iria se sentar ao lado do cidadão que exagerou na bebida?
Daquele ponto até o penúltimo, ninguém se aventurou a ficar próximo daquele sujeito. 
O cheiro forte e risco de vômitos ou outra coisa do gênero, era impedimento para alguém se arriscar.

Mais outro bêbado, mas será o Benedito?

Em outro ponto, quase no final da viagem, entra outro cidadão. Este estava numa espécie de pós-ressaca, provavelmente estava voltando do Pronto Socorro da Santa Casa de Misericórdia, na região de Santa Cecília, nos baixos do Minhocão, pois estava com a cabeça totalmente enfaixada.
Ainda cambaleante, deparando-se com aquela escadinha, ficou parado, porém de pé. Será? Perguntei para mim mesmo. De novo? Nesse momento, o nosso primeiro cidadão, aquele bêbado, se levantou e ajudou o colega de agruras. Ficaram lá, meio apertados, porém juntos na desgraça da "marvada".

As chagas de nossa sociedade hipócrita.

Não vi solidariedade dos outros, apenas aquele idoso no começo da viagem, e só. 
Ouvi sim, comentários sobre o estado alcoólico daquelas pessoas. Mas não vi solidariedade, compreensão, benevolência, enfim nenhuma demonstração de atenção ao problemas social, que faz o indivíduo ficar marginalizado e partir para o que é mais fácil e acessível a eles. O álcool, a droga. 
Eu, por exemplo, iria descer alguns pontos antes, mas preferi ficar até o fim. Ir até o ponto final para ver e sentir o término daquela triste viagem daqueles seres humanos abandonados a própria sorte.
Chegada no centro da cidade de S. Paulo. Praça Ramos, próxima do gabinete do nosso alcaide. Baixos do Viaduto do Chá. Lugar de depósito de gente marginalizada, sem a menor ajuda da Promoção Social. 
Ah, sim, não temos verba para esse tipo de ajuda. Temos sim, verbas para as ciclofaixas, placas de 40 Km nas ruas e avenidas, 50 Km nas marginais...